29 de outubro de 2009

Espelho D'água




Num espelho ondulante
refletindo craquelê de nuvens
um pescador.

Com água pelas canelas
mistura-se às garças
que o rodeiam.

O pôr do sol,
que se aproxima,
o céu aquarela.

Dourando
o vôo livre
da gaivota bailarina.

26 de outubro de 2009

Maestro!




Mimica que baila
discursa sem palavras
ao som da música que rege.
Há orquestra!

Altas notas afinadas
falam ao ouvido absoluto.
Tocando emoções,
conserta almas.


A João Carlos Martins, por sua inspiradora e determinada missão de difundir a música clássica brasileira e, principalmente, por sua obstinada dedicação, contra todas as dificuldades.

22 de outubro de 2009

Há caso




Fruto da sorte ou cria do acaso,

jogo do amor?
Tesão!

Aposta todas as fichas¿
Eu não!
Quem dá as cartas agora?

Há hora?

Brinca com a sorte,
 roleta russa de probabilidades,
viciada!

Sinuca de bico,
tacada de mestre,
sai pela culatra.

Xeque-mate!

Uma mão boa e jogo está ganho.
Uma mão boba.
Sorte?

Quando os dois chegam juntos!

20 de outubro de 2009

In sone


Noite escura, ouço calada.
Silêncio falado.
Sono.

Madrugada. O silêncio soa.
Solidão ecoa.
Insônia.

Alvorada. Solidão silencia.
Raiar do dia.
Sonho.

Passarada. O sol raiando.
Céu clareando...
Cantoria!

9 de outubro de 2009

Anatômico


O sistema
fica nervoso,
simpático.

A pupila,
menina dos olhos,
enxerga...

O coração
não segura emoção,
dispara!

Sangue azul
valva semilunar
ejeta!

Adrenalina
a luz da arteria
dilata!

Hiperventilação
gradientes de pressão
alteram...

A temperatura,
suando frio,
ajusta.

Tudo em fim,
um só fim,
equilibrio.

O encontro,
sinapse nervosa,
espera...

Sem defesas
corpos estranhos
devora...

Vê estrelas
céu da boca
saliva...

Dois ouvidos
para entender
uma lingua...

Nos tecidos
fluem
endorfinas...

A musculatura
perde a compostura
relaxa...

Os hormônios,
enxurrada,
mistério...

De alegria
lágrimas,
milagres...

Calafrio,
arrepio,
suspiro...