18 de setembro de 2009

15 de setembro de 2009

Fuga...


O reencontro foi quase acaso. Teria sido, não fosse anunciado. À luz suave do crepúsculo que se aproximava tingindo de tons rubros céu, sal e areia, o ar tornou-se denso, quase palpável, pois nele se espalhava o incômodo sentido por ela. Preferiu não demonstrar. Agia naturalmente, como quem nada sente, pois nada pode esperar.

A noite caiu. Apressadamente ele se despediu como se subitamente houvesse lembrado de um compromisso inadiável. Visivelmente atrapalhado foi embora deixando os presentes atordoados por surpresa e incompreensão. As amigas se dividiam entre a revolta e o desprezo. Somente ela permaneceu tranquila em sua certeza, esperando calmamente o retorno que sabia certo, sem saber se sonho.

Mais tarde do que cedo, embora antes do que nunca, sem pressa, sem compromissos, apareceu. Transbordava sorrisos charmosos por sua boca antes tão desejada. Agia naturalmente, como ela, como se nada esperassem um do outro. Quase conseguiram acreditar em sua farça. Até que a noite se fez criança. Sem testemunhas, como se planejassem um crime, finalmente se entregaram um ao outro, ao que sentiram, liberando desejos reprimidos desde o início, sem liberá-los realmente. O amor se fez gostoso e estranho, como tudo entre eles, enfim.

Como se nada nunca houvesse sido ele foge, fingindo passar despercebido. Pensas que foge dela? Foge da dúvida. Esta que constantemente o persegue, o assalta a noite, roubando seu sono, levando seu sossego. Por isso prefere permanecer parado, na encruzilhada, sem sair do lugar. Esse lugar confortável ao qual se adaptou pelo comodismo inerte dos que não tem coragem de galgar novos cumes. Anda em círculos. Não há escolha sem perdas. Não há começo sem fim.

Afinal, do que foges? Por que voltou? Talvez porque ela lhe lembre certa cor da vida que já não enxerga com seus olhos embaçados pelas lágrimas que não se permite derramar.

9 de setembro de 2009

Verde esperança




Era só uma menina,
que da vida não sabia,
inocente e pequenina
política não conhecia.

Passatempos poucos tinha,
mas tudo era brincadeira
desenhava até no verso
do santinho do Gabeira.

Isso foi há muito tempo
a campanha era a primeira
promovida por meu pai
feita à sua maneira.

Um santinho diferente
não trazia seu retrato
frases bem inteligentes
representavam-no de fato.

Pois o tempo foi passando
a menina foi crescendo
aos pouquinhos foi mudando
e as malícias conhecendo.

Se desencantou do mundo
de tanto só ver sujeira
o desgosto foi profundo
mas sacudiu a poeira.

Fim da última campanha
que não foi a derradeira
numa multidão tamanha
encontrou com o Gabeira.

Veja só como cresceu
disse o nobre candidato
e a gente envelheceu
completou todo gaiato!

Parecia garantida
a tão esperada vitória.
Seria uma nova vida?
Mudaria nossa história!

Numa única jogada
a esperança foi embora...
Gente que não vale nada
tirou dele a sua hora?

Só que a esperança é verde,
mesma cor do seu partido,
mesma quando a gente a perde
sempre acaba ressurgindo.

Esperança nunca morre
vamos dar volta por cima,
quem tem coragem não corre,
hoje eu torço por Marina.

Uma humilde seringueira
que veio lá da floresta
defende o verde bandeira
dessa gente que não presta.

Sei que as chances são pequenas
de comemorar vitória
isso não será problema
pois na luta está a Glória!

O poder do bem não falha
a guerra nunca é perdida
mesmo perdida a batalha
ficaremos na torcida!

A menina, já mulher,
decidida, firme e forte,
está pro que der e vier
cara Marina, boa sorte!

Nesse sistema falido,
que chamam democracia,
já mais morto do que vivo
eu fico com a utopia!

E um viva a Anarquia!!!